Não é por falta de pauta, ainda mais aqui na minha terra o que não falta algo interessante para discorrer, mas estranhamente não me sinto muito confortável com a ideia de escrever sobre coisas que não possuo muito domínio, principalmente em um meio tão potente quanto à internet. Assim, dividir alguns pensamentos é complicado mais de minha parte do que em relação a demanda de debates que existem, enfim eu confesso que dificulto as coisas, mas de vez em quando aparecem alguns assuntos que acho interessante e falta pares para conversar a respeito. Neste mês de Outubro fui apresentado ao trabalho de Paul Ricoeur, filósofo francês, em seu livro: A Memória, A História, O Esquecimento, editora unicamp, o autor propõe um debate da memória para o usufruto da História, mas não tão simples assim a análise transcorre sobre uma historiografia do debate do conceito de memória que remete aos diálogos socráticos até o período moderno nas ciências psicológicas. A despeito da busca da verdade, a memória pode ser, em extremo, um acesso ao passado, "a presença do ausente" atestada pela memória de alguém ou de algo. Por se tratar de um trabalho filosófico, creio que a abstração se torna uma ferramenta primordial que corroborá na análise do leitor, pois uma vez munida dela conseguimos conceber por exemplo que podemos ter em memória algo que não faz parte de nossa experiência, que não testemunhamos e que não conhecemos, ou seja a memória é o resultado de alguma ação histórica que nos impacta e nos alcança de algum jeito, deixando marcas visuais (lapsos de memórias), audíveis e até olfativas, enfim registros em todos os sentidos.
Fiquei pensando sobre isso e o conceito de "acesso ao passado", não achei um absurdo, o fato não é científico (no sentido de se tornar confiável e passível de experimento que comprovem a eficácia do método), mas não um total absurdo, pelo contrário se utilizarmos a memória como um traço indiciário, como Carlo Ginzburg, estaremos no início de uma história que poderá confirmar ou explicar a memória, enfim há vários conceitos que este tipo de debate traz (memória coletiva, abuso da memória, tipos de memória e etc...). Mas o que me chamou a atenção deste acesso ao passado é justamente o seu contra ponto, o seu oposto: "o acesso ao futuro" que conhecemos como Déjà vu, que se trata de uma experiência tão comum que é difícil encontrar quem nunca tenha tido, há uma reportagem da revista superinteressante que relata as pesquisas científicas sobre o assunto, segue o link. Presumindo que você, caro leitor, leu a reportagem lhe pergunto, se atentou para os comentários? Dentre eles um me chamou a atenção, "queria entender uma explicação de "déjà vu" futuro, como eu já tive, saber que uma pessoa conhecida iria morrer no acidente e isso só acontecer horas depois, e o mais intrigante também saber que não foi só eu" assim como na reportagem cita, parece ser referente a um momento traumático que como narrado pela leitora pode ser interpretado como uma reação anacrônica frente o acontecido, mas se nos limitarmos a esta análise estaremos preso a uma aporia, pois como se trata de um visão futura, só é possível citá-la como prenuncio até o momento presente, pois uma vez que já tenha passado o evento se transforma num vício de linguagem tal como "sabia que isso ia acontecer, já estava vendo" e não é isso que é um autêntico Déjà vu, neste ficamos espantados com a sequência dos acontecimentos fiéis ao que de tínhamos na mente como já passado, ao ponto de descrever o ato seguinte em um cenário que não há indício de que seja possível que aconteça, exemplo alguém vendo televisão falar: "eu já vi isso antes e quando vi o telefone tocou logo depois da porta se abrir" e daí tudo acontece exatamente como o narrado, isso não se conforma com o modelo explicativo do acesso ao lóbulo frontal e nem com a memória inconsciente, seria um acesso ao futuro? E quando vimos as explicações científicas sobre o fenômeno, me parecem tão superficiais que dão a impressão de não ter a ver com o estudo do objeto em si, ou você não acha que o experimento sobre o Déjà vu nos estudantes, são parecidos com os estudos de mensagens subliminares (acesso á memória) e a dos ratos com a caixa com memória comportamental? Esta última então lembra bastante a velha anedota da corrente e do filhote de elefante. Ou seja, não explica e ainda assim tenta convencer com argumentos retóricos. Não, definitivamente ainda não há explicação científica para o fenômeno e assim como a memória, com abstração, pode ser entendida como um acesso ao passado, temos também um acesso ao futuro, se concebermos isso podemos criar um novo entendimento para a compreensão do tempo e sua substância e de como ainda estamos insensíveis à sua relação conosco.
Fiquei pensando sobre isso e o conceito de "acesso ao passado", não achei um absurdo, o fato não é científico (no sentido de se tornar confiável e passível de experimento que comprovem a eficácia do método), mas não um total absurdo, pelo contrário se utilizarmos a memória como um traço indiciário, como Carlo Ginzburg, estaremos no início de uma história que poderá confirmar ou explicar a memória, enfim há vários conceitos que este tipo de debate traz (memória coletiva, abuso da memória, tipos de memória e etc...). Mas o que me chamou a atenção deste acesso ao passado é justamente o seu contra ponto, o seu oposto: "o acesso ao futuro" que conhecemos como Déjà vu, que se trata de uma experiência tão comum que é difícil encontrar quem nunca tenha tido, há uma reportagem da revista superinteressante que relata as pesquisas científicas sobre o assunto, segue o link. Presumindo que você, caro leitor, leu a reportagem lhe pergunto, se atentou para os comentários? Dentre eles um me chamou a atenção, "queria entender uma explicação de "déjà vu" futuro, como eu já tive, saber que uma pessoa conhecida iria morrer no acidente e isso só acontecer horas depois, e o mais intrigante também saber que não foi só eu" assim como na reportagem cita, parece ser referente a um momento traumático que como narrado pela leitora pode ser interpretado como uma reação anacrônica frente o acontecido, mas se nos limitarmos a esta análise estaremos preso a uma aporia, pois como se trata de um visão futura, só é possível citá-la como prenuncio até o momento presente, pois uma vez que já tenha passado o evento se transforma num vício de linguagem tal como "sabia que isso ia acontecer, já estava vendo" e não é isso que é um autêntico Déjà vu, neste ficamos espantados com a sequência dos acontecimentos fiéis ao que de tínhamos na mente como já passado, ao ponto de descrever o ato seguinte em um cenário que não há indício de que seja possível que aconteça, exemplo alguém vendo televisão falar: "eu já vi isso antes e quando vi o telefone tocou logo depois da porta se abrir" e daí tudo acontece exatamente como o narrado, isso não se conforma com o modelo explicativo do acesso ao lóbulo frontal e nem com a memória inconsciente, seria um acesso ao futuro? E quando vimos as explicações científicas sobre o fenômeno, me parecem tão superficiais que dão a impressão de não ter a ver com o estudo do objeto em si, ou você não acha que o experimento sobre o Déjà vu nos estudantes, são parecidos com os estudos de mensagens subliminares (acesso á memória) e a dos ratos com a caixa com memória comportamental? Esta última então lembra bastante a velha anedota da corrente e do filhote de elefante. Ou seja, não explica e ainda assim tenta convencer com argumentos retóricos. Não, definitivamente ainda não há explicação científica para o fenômeno e assim como a memória, com abstração, pode ser entendida como um acesso ao passado, temos também um acesso ao futuro, se concebermos isso podemos criar um novo entendimento para a compreensão do tempo e sua substância e de como ainda estamos insensíveis à sua relação conosco.
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